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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4170 Data: 12 de
Abril de 2013
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CARTA DA LEITORA CINÉFILA, QUE SE DIZ CINEMEIRA
O papa foi rezar na Sta Maria Maggiore
que tem uma abside deslumbrante e uma capela da família Borghese com
direito à Paulina Bonaparte. Talvez conheça a piada, ela foi esculpida pelo
Canova, pelada acima da cintura; alguém lhe perguntou se não ficara vexada: “Claro que não. O aquecimento estava
ligado.” Foi-se aos 45 anos, depois de dois casórios.
Já notou que, empolgada com o jesuíta,
deixei de lado os ossos do Ricardo III? Sic transit gloria mundi.
Falando em Paulina Borghese ,
talvez o Carlos, que é nobre cinéfilo, se lembre do filme “A Vênus Imperial”
com a Lolobrigida (o papá era fã), que a biografava, claro que uma pachouchada
que eu, cinemeira, era compelida a ver.
Sei lá por quê, recordei um filme visto
há trezentos anos. Tenho uns folhetos dados pela Ignez (sua sobrinha) sobre
artistas e filmes e localizei o dito cujo, em inglês “The awful truth” e em
português “Cupido é moleque teimoso”, nada a ver. Pois estrelavam Cary Grant e
Irene Dunne, veja que interessante, esta fez a primeira versão de “Anna e o Rei
de Sião”, sendo a segunda, “O Rei e Eu”, feita pela Debora Kerr, que atuou em
“Tarde demais para esquecer”, segunda versão de “Duas Vidas” feita pela Irene
Dunne. Elas eram comboiadas pelo Cary Grant, que fazia de tudo, até um
dramalhão com a Ethel Barrymore, “Apenas um coração solitário”, com direito à
música homônima.
Vou-me ao leito de Procusto.”
Rosa
BM: Infelizmente, Rosa Grieco, não assisti o filme, “Vênus Imperial”,
falha grave do Seu Mário, dono do Cine Cachambi, que não o colocou em cartaz. Depois de
ler a sinopse, encomendei o DVD pela internet que chegará à minha casa Deus
sabe quando. (chegou três dias depois).
Na época da fita, 1963, eu sabia da mais
famosa das três irmãs do Imperador, pelos “banhos de Paulina Bonaparte”, que
volta e meia, o Nélson Rodrigues escrevia nas suas crônicas. Depois, passou-se
a falar apenas em “Banhos de Cleópatra”, por causa do filme protagonizado pela
Elizabeth Taylor, anos após.
Quis saber da resenha mais detalhada do
filme citado pela Rosa, que não será reproduzida aqui integralmente.
Trata-se de uma elaborada coprodução
franco-italiana sobre a irmã de Napoleão Bonaparte, que cobre o tempo que vai
das lutas na Itália, quando Napoleão era um general pobre de extraordinário
talento, até o seu exílio na Ilha de Elba.
Personificada pela Gina Lolobrigida,
ela se chamava Paulette, passando a ser apelidada de “Paolina” (nome
italianizado) depois que se casou com um príncipe romano.
O filme uniu um elenco internacional de
primeira categoria, e investiu menos nos caracteres humanos do que no drama
passional, onde se inserem as emoções e as falhas humanas – diz o redator dessa
resenha.
O filme se inicia com a família
Bonaparte, mãe, irmãos, tios amontoados num apartamento em Marseille, enquanto
Napoleão (o ator Raymond Pellegrin) retorna vitorioso da campanha militar na
Itália. O futuro imperador encontra a sua família fragmentada por picuinhas e
caprichos insatisfeitos, como é típico nas famílias, mormente as numerosas.
Paulina Bonaparte, apesar das
incontáveis contrariedades que trouxe ao poderoso irmão, foi, da família, a
mais fiel a ele, não o abandonando nem nos momentos sombrios do seu exílio da
Ilha de Elba; vendeu bens e o seguiu.
A mãe de Napoleão Bonaparte desaprovava
seu casamento com Josefina, este, por sua vez, era contra a ligação da irmã com
o homem que ela amava, quando mais jovem, Ferrand. Todos tinham o temperamento
forte e as discussões acaloradas foram
inevitáveis.
Como assinalou a Rosa em sua carta, ela
casou duas vezes: a primeira, com o General Leclerc ( ator Massimo Girotti), a
segunda, com o Príncipe Borghese de Roma (ator Guilio Bosetti).
Mas Paulina se sentia atraída pelo
Coronel Jules de Canouville (personificado por Stephen Boyd), e o General
Leclerc, que lhe fora imposto como marido pelo irmão, percebendo, transfere-o
para um posto avançado bem distante; quando ele retorna, mais tarde, se
transforma definitivamente na paixão da sua vida, apesar da feroz oposição do
imperador.
Insatisfeita, como o seu irmão ficaria
com a perda de algum país, Paulina se envolve com muitos homens, principalmente
militares.
Napoleão Bonaparte enviou, então, o General
Leclerc, com a esposa, a São Domingos (independente, chamou-se Haiti), para
sufocar uma rebelião.
A história se passa em quinze anos,
mostrando as idas e vindas da voluntariosa Paulina e percorre a Europa e o
Caribe.
O autor da resenha assinala a beleza e
voluptuosidade da Gina Lolobrigida (pela carta da Rosa, o Agripppino Grieco
concorda plenamente). Mas não é só a plasticidade da atriz, ela vive Paulina
Bonaparte com todas as gamas da emoção humana, ao lidar com as pessoas que
passaram pela sua vida; e convence a plateia ao demonstrar os sentimentos contraditórios
que o irmão lhe inspirava, os momentos de alegria radiante e felicidade quando
estava com Canouville, a ternura com os menos favorecidos, e por aí vai.
O filme foi realizado em technicolor,
com cenários criados nos Estúdios Cinecitta, em Roma. Os figurinos são
fiéis à época, e a música de Angelo Francesco Lavagnino, compositor italiano,
melancólica e romântica, se ajusta à aura do filme que espero ver em breve.
Dos filmes com Cary Grant citados pela
Rosa, o que só pude assistir, e pela televisão, foi “Apenas um coração
solitário”.
Essa película vinha sempre à minha
mente, depois disso, quando a Rádio MEC tocava a canção de Tchaikovsky, com o
mesmo nome, e que se interpõe por toda a história. Música tão melancólica que
evoca o black dog (como Churchill,
temos de buscar uma tarefa para escaparmos da sua mordida).
O filme é de 1945, com 1h 53mim de
duração, foi dirigido por Clifford Odets e, além dos artistas apontados pela
Rosa, contou com Barry Fitzgerald.
Não obtive, infelizmente, uma resenha, e
sim uma sinopse que aqui vai:
A história se passa um pouco antes da
2ª Guerra Mundial, num bairro pobre de Londres. Uma viúva, Ma Mott (Ethel
Barrymore), tenta fugir da miséria com uma pequena loja. Seu filho, Ernie (Cary
Grant) é um andarilho irresponsável sempre às voltas com a falta de dinheiro.
Ele pensa em deixar a cidade, mas muda de ideia quando sabe que a sua mãe
estava enferma. Nesse ínterim, se envolve com Ada (June Duprez), que foi casada
com um gângster, Jim Mordinoy (George Coulouris). Este contrata Ernie para
subjugá-lo, pois quer a ex-mulher de volta. Ela, no entanto, está inteiramente
atraída por Ernie.
A sinopse se encerra por aqui e eu já
penso em comprar essa fita também, pois já me esqueci do final do filme.