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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3003CC Data: 8 de outubro de 2022
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O CATADOR DE LIXO
Quando Collor assumiu e falou-se em feriado bancário, pensei logo em zerar minha conta no Bradesco, onde estava com o dinheiro aplicado no Overnight. A inflação era alta naqueles tempos e era a maneira mais simples de não se perder tanto, só que por diversos motivos, resolvi não mexer na aplicação.
Decretado o feriado bancário, Collor aparece na Tv com seu pronunciamento anunciando o confisco, nos deixando com 50 pratas no banco. Imediatamente começaram discussões políticas no setor onde trabalhava em Furnas, alguém levara um aparelho de tv e acompanhamos tudo.
Resolvi decretar o meu feriado, peguei minha CB-400 e fui para casa. Naquele tempo morava no Humaitá. Peguei a Visconde de Caravelas e ao virar à direita na General Dionísio me deparei com o trânsito interrompido por um caminhão de lixo. Aproveitei o espaço entre o caminhão e os carros estacionados e passei devagar, mas só que o catador de lixo que pesquisava na caçamba se assustou e começou a me ofender aos berros.
Parei a moto, tirei o capacete e comecei a acalmar o cidadão, que dizia não ter medo de nada, que o irmão fora assassinado pela PM e coisa e tal. Claro que juntou gente para assistir àquele verdadeiro espetáculo, só que felizmente o rapaz foi se acalmando e terminou por me pedir algum para comer.
Foi quando outro catador de lixo se aproximou e disse “Esquece, meu irmão, o homem tirou toda a grana dele, só ficou com cinquenta pratas no banco. Sai de perto porque ele vai acabar te pedindo algum”. Foi uma gargalhada geral! Pelo menos diminuiu minha frustração e fui rindo até chegar em casa.
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