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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5267L Data: 29 de fevereiro de 2016
FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXIII
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“
- ATÉ TU, TRIBUTUS?!... ”
-
Senta, que o Leão é manso!...
Não
vão nessa! Ele ataca muito mais aqui, na selva de pedra, que em seu reduto
original.
Parodiando
Vinicius de Moraes, no “Poema Enjoadinho”, fica assim:
“Impostos,
melhor não tê-los, mas se não os temos, o que teremos?”
Dão
muita dor de cabeça, todas as subdivisões que compõem os modelos, simples e
completo, das declarações de imposto de renda. Um código indevido, em um
lançamento de compra, venda ou doação de imóvel, emperra a declaração e você
não vai adiante.
Outro
complicador é a informação, incompleta ou mal formulada, sobre bens patrimoniais
que saíram ou entraram no ano anterior. Esse manual não é para o entendimento
da grande massa, que, no entanto, é obrigada a compreendê-lo, pois não é
explícito.
Por
falar em explícito, prefiro declarar-me ao “meu bem”, pois, quanto mais ela me
cobra, mais “prazer” tenho, em lhe pagar.
Dureza
é, diante das deduções permitidas, deduzir que nossas mulheres e filhos,
enquanto dependentes, não valem nada. Se, em verdade, uma mulher nos custasse,
ao ano, o que o Fisco determina, teríamos um harém de fazer inveja a qualquer
sultão.
O
título da crônica é também uma paródia da frase dita, há mais de dois mil anos,
pelo imperador romano Julio César – “Até tu, Brutus?!...”, diante da traição
mortífera de seu patrício e líder político.
É
assim que devemos nos sentir, por conta de tributos tão escorchantes que o
governo nos impõe.
Toda
vez que tenho de explicar o que faço com o que ganho, sabendo que a carga
tributária desse país é uma das mais pesadas do planeta e, tendo de arcar com
custos de saúde e educação da família, lembro-me da frase atribuída a Charles
de Gaulle, dita, na verdade, pelo então Embaixador brasileiro na França, Carlos
Alves de Souza:
-
O Brasil não é um país sério!...
Esse
período, que ocorre sempre em março e abril, descabela e desnorteia tanta
gente, que já ouvi contribuintes amigos lamentarem não terem tido despesas
médicas e, por consequência, pagarem mais imposto, além do que ficou retido.
Porca miséria!
Sempre
que falo ou escrevo sobre imposto de renda, alterno o humor – ora é fato, ora é
galhofa – como agora:
- Tudo o que vier da labuta se tributa?
- A empregada boa se deduz ou se seduz?
- Receitas de remédios entram? Ou só as de
supositórios?
- Quem declara imposto, é declarante ou
impostor?
- Com o Zoológico do Rio fechado, não se chega
ao leão. Então os cariocas estão isentos?
Agora,
falando sério: melhor seria se eu tivesse carradas de dinheiro a pagar de
imposto de renda, porque, obviamente, carradas de dinheiro teria ganhado. Mas,
diante do computador, do manual, das maquininhas de calcular, dos carnês,
informes de bancos, recibos etc., eu queria ter a desfaçatez, a cara de pau e a
insolência da turma que possui cargo eletivo, que, diante de situações que não
lhe convêm, declara:
-
Nada tenho a declarar...
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