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A FREIRA NA ANTAQ
-“Será que a freira veio rezar pela sorte da ANTA?” – houve quem dissesse.
-“Como uma freira aparece na Agência..?” – indagam alguns assinantes do Biscoito Molhado, bizarrice essa que só ocorre nos filmes de Fellini, como a freira anã do “Amarcord”.
Apareceu, porque não liberaram a carga da religiosa. Fosse cocaína e não haveria nenhum problema: a carga passaria, e os consumidores fungariam na paz do Senhor. Mas a carga da freira era remédio para caridade. Ora, nossos burocratas quando souberam de tal petulância, retiveram a carga no porto, e falaram grosso:
-“Documentos e mais documentos na mesa.”
A freira não se atemorizou e, com o crucifixo em punho, exigiu a presença do manda-chuva. Como este se achava, ou se perdia, em Brasília, ela foi mais além, falou com quem manda no manda-chuva. Assim, nós terminamos a última edição do Biscoito Molhado, assinalando que a Digníssima Amantíssima não confessara os seus pecados.
Enquanto isso, Dieckmann ainda arrumava as malas. Chegou às oito e meia da manhã, e já encontrou o seu computador desativado.
-“Isso é o que se chama de eficiência.” – comentou, sem perder a esportiva.
-“Isso é o que se chama de ódio.” – diríamos mais preocupados com a palavra justa do que com o “aplomb”.
Pouco depois, o Ronaldinho da Informática ativava o seu computador e o Dieckmann pode, assim, copiar para disquetes os arquivos do seu interesse e algumas das suas correspondências eletrônicas. Tudo com muita pressa, temendo o risco de tirarem de vez o seu computador do ar.
-“Daqui a pouco vão salgar a sua sala para não nascer mais nada.” – imaginamos.
-“E a exoneração?... Quando será publicada?” – indagaram.
-“Isso demora.” – respondeu ele, que soubera da sua saída pelo telefone no dia anterior às cinco horas da tarde.
-“Isso é o que se chama de eficiência.” – repetiria, sem nunca perder a esportiva, ao saber, horas depois, que a sua exoneração já estava no Diário Oficial.
No meio da arrumação, especulou-se sobre nomes cotados para ocupar o seu cargo de gerente.
-“Se não houver injunção política do PT, Luís Exílio...”
Houve muitos arrepios ao som desse nome, mas, inegavelmente, ele tem todo o perfil dos que hoje dão as cartas na Agência. Se não, vejamos retrocedendo na história: a Super, quando era Sub e vendia jóias... Quantas colegas suas hoje não ostentam pulseiras vendidas pela Super, quando ela era pobre!... Fujo do assunto. A Super, quando era Sub, e trabalhava na Seção de Estatística, como funcionária da Ana Luiza, nada saiu desse setor em termos de estatística para o anuário da marinha mercante.
Quando o Djalma criou um programa com computadores para reiniciar o que fora interrompido por quatro anos – o denominado “Buraco do Collor nos Anuários da SUNAMAM” – 2° semestre de 1993 - ela já se encontrava na Divisão de Acordos, como funcionária do Mílton Barello. Diria ela mais tarde que até o seu filho de dez anos realizaria o trabalho da Estatística. A sua intenção óbvia era de se desfazer dos bits e bytes do Djalma. Ela foi tomada pela soberba dos ignorantes e, como o seu tiro no Djalma resvalou em nós, o Biscoito Molhado lhe desceu o pau (a Aloísia, no caso, agiu como leva-e-traz – “olha o que saiu sobre você no Biscoito...”.
Um pouco antes disso, o antecessor do Dieckmann como coordenador, Paulo Octávio, argumentando que pretendia “oxigenar o órgão”, trocou as chefias: Djalma foi mandar onde o Luís Exílio mandava e este, por sua vez, foi mandar onde o Djalma mandava. Com isso, a Seção de Estatística, com toda a sua programação computadorizada, passava para o Luís Exílio. Este, no seu discurso de apresentação, olhou com cara de nojo para os meninos do Djalma (Djalma assim chamava os computadores da digitação de manifestos de carga), e disse:
-“Não conheço isso e nem quero conhecer.”
Era a mesma soberba dos ignorantes.
Visto isso, nesse deserto de idéias e talentos do comando desta nossa agência, ele é um nome a ser considerado para o lugar do Dieckmann.
Haja freiras para rezar por nós!
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