Total de visualizações de página

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

2726 - os leques da Josefina


 

----------------------------------------------------------

O BISCOITO MOLHADO

Edição 4976                            Data: 29 de  outubro de 2014

--------------------------------------------------------

 

SABADOIDO SEM BRIGA POLÍTICA

 

O Luca já havia telefonado avisando que estava a caminho de mais uma sessão do Sabadoido.

-Ele, antes, chamava pelo Claudio no portão, agora, telefona. - observou a Gina.

-Claudiiiiiiiiiiomiro.

-Por isso mesmo, Daniel, que ele não chama mais, porque você o imita.

-Daniel sempre teve essa mania.- lembrou o Claudio.

-Eu me recordo que, com uns sete anos de idade, Daniel imitava a Maria Paula da MTV.

E me voltei para o meu sobrinho.

-Não imita mais?

-Carlão, a minha voz engrossou.

-E o Maluf? - perguntei.

-Eu não estive preso em Paris, fui apenas fazer uma visitinha à delegacia. - pôs-se a imitá-lo.

-Mas Maluf, foi noticiado que você foi detido por doze horas, na França, para explicar a origem de 1 milhão e meio de dólares na sua conta no banco Crédit Agricole. - entrei no espírito da coisa.

-Quem achar um tostão meu numa conta suspeita, pode ficar com todo o dinheiro. Aí está o Lula que não me deixa mentir.

-Um novo telefonema do Luca, avisando que já chegara, interrompeu a imitação ou caricatura que ele fazia do político.

Luca adentrou a antiga garagem do fusquinha da Gina, sobraçando o costumeiro envelope com recortes de jornais e cartas manuscritas pela Rosa.

-Vou avisando, não perco amigos por causa de política.- foi ele anunciando com decisão.

-Luca, agora mesmo, eu estava falando bem do Maluf, se você falasse mal, nós íamos brigar.- pilheriou o Daniel.

-Você tem razão, Luca. Como dizia Nélson Rodrigues: “Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.” - manifestei-me.

-Luca, há muitas eleições que eu anulo o voto, mas tudo me leva a não fazer isso nesta eleição agora. - disse o  Claudio.

Claudio e Luca são dois polemistas, discutem desde os velhos tempos da rua Chaves Pinheiro.- temi pelo pior.

-A Glória (sua esposa) também anula, eu penso que já que nos deslocamos até a cabine eleitoral, tivemos todo esse trabalho, devemos votar em alguém.

-Mas não em certos políticos. - rebateu meu irmão as palavras do Luca.

-O Daniel entrou na pesquisa do IBOPE. - coloquei o meu sobrinho na conversa para que o clima permanecesse descontraído.

-Daniel, você é a única pessoa que eu conheço que foi consultado por esses institutos de pesquisa. - frisou o Luca.

-Daniel entrou na relação dos indecisos. - disse a Gina.

-Aquele pessoal dos Correios é tão chato, principalmente o Leandro Porreca, um flamenguista fanático, que não estou mais indeciso. - falou ele dessa vez seriamente.

-Você já não saiu há muito tempo dos Correios? - perguntou o Luca.

-Continuo amigo deles pelo Facebook, e, algumas vezes, nós nos encontramos.

-Lá, eles todos são contra o PSDB porque pensam que, no poder, eles privatizam os Correios.

-Não pode; a função dos Correios, Gina, é exclusividade da União, isto está na Constituição Federal. - intervim.

-Eles nem querem saber de nada. - reagiu o Daniel com um gesto de desdém.

-Assim, o Daniel vai votar no Aécio. - interferiu o Claudio em tom provocativo.

-Claro, é melhor do que anular o voto. - assinalou o Luca em tom conciliador, embora soubéssemos do seu ideário político contrário.

-E a Rosa? - tentei mudar de assunto.

-Ela vai votar no Crivella? - quis saber a Gina, que agora é cabo eleitoral do sobrinho do bispo Macedo.

-Seria muito sacrifício para ela ir até uma cabine eleitoral.

-Vou sair. - anunciou o Daniel.

-Falando na Rosa, ela mandou uns recortes de jornal para o Carlinhos. - disse o Luca, voltando-se para mim com o envelope que deixara sobre a mesa do cavalo – o peso de papel que substitui os ausentes da sessão do Sabadoido.

-São recortes da Folha de São Paulo sobre as óperas encenadas lá.- informou.

-Falta água em São Paulo, mas as óperas jorram; ao contrário do Rio de janeiro, que tem água, mas não tem ópera.  

-Vai ver que a ópera é incompatível com a água. - alfinetou a Gina.

Pus-me a ler sobre os eventos operísticos que homenageiam o sesquicentenário de Richard Strauss, enquanto o Claudio avisava que ia trazer os copos de Capiroska e a Gina e o Luca entabulavam um diálogo sobre os achaques que atormentam os maiores de 50 anos de idade. Minutos depois, ela também saía.

-Carlinhos, eu não vou perder amigos por causa de política. Você leu o artigo do Nélson Motta sobre isso? - disse-me o Luca em tom confidencial.

-Luca, com duas frases, o Nélson Rodrigues resumiu tudo.

Depois de repeti-las, detive-me no livro que a Rosa me dera de presente de aniversário.

-Quem tem o Napoleão Bonaparte como ídolo, vai balançar depois de ler a biografia da Josefina da Kate Williams.

-Eu li “Cartuxa de Parma”, indicado pela Rosa e gostei muito, não é à toa que o Stendhal é uma das paixões dela.

-Napoleão era o ídolo do Victor Hugo, mas ele pilhava os países derrotados, levava para a França as obras de artes, mortos para ele representavam números estatísticos.

-Você se lembra do “Crime e Castigo”, do Dostoievsky?

-Claro, Luca. O Raskolnikov, com a teoria de que o assassinato de uma velha usurária não era nada, comparado com o que fez Napoleão, grosso modo falando, colocou em prática essa teoria e se arrependeu amargamente. Um homem para ser Napoleão não pode ter remorso.

-Mas o livro da Rosa fala mais dele?

-Não, o livro tem como protagonista a Josefina. A Kate Williams desnuda a biografada, expõe seu lado bom e ruim, mas o seu olhar é benevolente, criando uma empatia com o leitor.

-A Rosa escreveu, eu li numa das suas cartas, que a vida da Josefina é um manual de sobrevivência na selva.

-Ótima definição. - aprovei.

-Já leu todo o livro.

Depois de confirmar, prossegui:

-A Josefina era da Martinica, seu pai possuía uma fazenda com um vasto canavial. Ela, com o açúcar que consumia desde criança, ficou com os dentes estragados. Ainda assim, na corte francesa, os homens não resistiam o seu encanto, tanto que conquistou os dois mais poderosos: Barras, que derrubou Robespierre e os Jacobinos, e, é claro, Napoleão. Ela sabia ocultar as suas deficiências e potencializar as suas qualidades de mulher.

-Naquela época, Carlinhos, havia os leques e como as mulheres sabiam manejar um leque!

-Aqui estão as bebidas. - interrompeu-nos o Claudio.  

 

 

 

 

 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

2725 - fanatismos


 

                                                                                                                                                                              ------------------------------------------------------------

O BISCOITO MOLHADO

Edição 4975                            Data: 28 de  outubro de 2014

------------------------------------------------------------

 

192 ª CONVERSA COM OS TAXISTAS

 

-Parece que vai chover. - disse ao 017, olhando as nuvens carregadas.

-Em São Paulo, tem chovido, mas não onde deve.

-Você fala do Vale do Paraíba onde está o Sistema Cantareira? - perguntei-lhe.

-Sabe por que há essa falta d' água toda lá? Não economizam. Todo paulista rico tem piscina em casa. Regam o jardim, lavam a calçada, o carro.

E prosseguiu o 017:

-Fui criado na Rocinha; lá, eu tinha de me banhar em um latão de 10 litros d' água.

Se fosse toda a família banhando-se no latão, pensei, enquanto me ocorria a autobiografia do ator Laurence Olivier, que escreveu que seu pai imergia numa tina, depois o irmão e, por fim, ele, quando a água do banho já estava suja.

-Na minha época, não havia xampu e xampu é uma desgraça para desperdiçar água. Hoje, o homem é tão vaidoso quanto a mulher e não deixa de lavar a cabeça com xampu.

-Os homens também tomam banho de Cleópatra. - acresci minhas palavras às suas.

-Inventaram muitos cosméticos que levam ao gasto d' água. - reclamou.

-Na minha época de ginasiano, depois das aulas de Educação Física, que, às vezes, sujavam de terra nossos calções e camisetas regatas, ficávamos uns 100 debaixo daqueles chuveiros interligados, coletivos...

-Sei. - disse ele.

-O professor, então, gritava: “Um minuto para o banho.” E nós tínhamos de nos virar para sairmos limpos nesse tempo e conseguíamos, eu, pelo menos, sim.

-No Exército, era assim. - observou.  

-Não digo que a duração do meu banho, agora, é de um minuto, mas, se fosse preciso, eu me limparia nesse tempo. Não encontrariam uma sujeira atrás das minhas orelhas, como a mãe do Bolinha encontrava.- assegurei.

-Não sei se os paulistas estão tomando banho de um minuto; acho que nem banho tomam mais com essa falta d' água.

-Num dos condados mais ricos da Califórnia, estão aproveitando aproveitam até água de merda por causa da seca.

-Água de merda?... - abismou-se.

-Lá, o esgoto passa por muitos processos; uma microfiltração que tira as partículas sólidas, em seguida, uma luz ultravioleta mata todas as impurezas, vírus e bactérias. Pronto: a água está disponível para ser bebida.

-Prefiro morrer de sede!- bradou, deixando-me na Rua Modigliani.

 

-Dessa vez, é melhor você acionar o taxímetro porque não vou para casa e sim para a Torre NorteShopping, onde tenho dentista. - avisei ao 081, o português assíduo dessas conversas que reproduzimos

-E qual o caminho que você prefere que eu faça?

-Siga reto e dobre à direita na Miranda Vale ou Luíza Vale... Não sei, confundo os Vale.

-Luiza Vale. - afirmou com segurança.

Uma corrida combinada pelo rádio da cooperativa lhe despertou a atenção.

-Você ouviu?

-Não.

-Uma corrida para São Paulo, mil e duzentos reais. É um bom dinheiro.

-Você iria?

-Não. - respondeu com determinação.

-Dois mil e quatrocentos reais ida e volta. - calculou.

Nesse momento, saiu da Domingo de Magalhães e entrou na Luíza Vale.

-A visão era estarrecedora; viciados em crack estirados na calçada imunda, alguns deles se confundiam com o próprio lixo.

-São os filhos do Lula. - bradou o português.

-O Lula é muito chegado ao Evo Morales, que foi cocalero. As fronteiras com a Bolívia e outros países não são devidamente vigiadas e as drogas entram no Brasil facilmente.

-Filhos do Lula. - repetiu com a sua voz gritada, mas que não me incomodam os ouvidos.

Depois, passou a falar da Igreja Universal do bispo Macedo.

-A polícia veio aqui e fechou toda a igreja; fechou também a de Caxias. Havia muito, mas muitos panfletos mesmo do bispo Crivella para os fiéis distribuírem na hora da eleição.

-É mesmo?... Eu ainda não pude ler os jornais de hoje, só quando eu chegar em casa... - disse-lhe.

-Como eles têm muito dinheiro, eram muitos panfletos, santinhos...

-E eles não gostam de santos. - cortei-lhe a palavra porque a piada pedia passagem.

-Só não fecharam a Universal da Abolição, porque lá é mais pobrezinha.

-Há que hora foi isso? - perguntei-lhe.

-Perto da boa-noite.

-Então faz sentido...

-O que faz sentido? - ficou curioso.

-Eu tenho um companheiro de ginástica que me disse, no domingo da eleição, que viu, antes das cinco horas da manhã, um sujeito truculento arrebentando os equipamentos de filmagem da TV Bandeirantes.

-A igreja tem muitos seguranças. -chegou, como eu, à conclusão que um dos seguranças, irritado, fez tal estrago.

-Votei no Pezão, porque considero arriscado religiosos fanáticos governarem o Rio de Janeiro. Há o risco de eles custarem a largar o poder, como acontece com o PT.

Não me ouviu por muito tempo, pois logo se manifestou:

-O PT nunca vai sair da presidência. Sabe por quê? Por causa da bolsa família.

Enquanto eu saltava do seu táxi diante da Torre NorteShopping, ele repetia:

-Eles nunca vão sair da presidência.

 

 Depois do dentista, caminhei poucos metros até o ponto de táxi defronte a entrada do Norteshopping e entrei naquele que ponteava a fila:

-Praça Manet.

Como a fisionomia do taxista demonstrava desconhecimento, tentei a pronúncia mais popular:

-Praça Mané.

-Por favor, me indique o caminho.

Logo, me pedia outro favor.

-Pode colocar o cinto, por favor.

-Caramba, se há uma coisa de que não me esqueço é de colocar o cinto de segurança; colocava até mesmo na vaga do meu carro, quando eu dirigia.

-Este carro tem um sensor que informa quando o cinto de segurança não está sendo usado.

-Desconhecia este dispositivo. Ele é ótimo.

Ele já percorrera uns dez metros.

-O senhor vai virar à direita, depois à direita de novo, como se fosse para a linha amarela.

Feito isto, disse-lhe para seguir toda vida.

-Não existe mais aquele trecho de paralelepípedo; já foi asfaltado.

-Lembro-me agora onde fica a praça. A influência do bispo Macedo fez com que asfaltassem tudo por perto da igreja dele.

-Eu caminhava muito por aqui, que é mais plano do que o outro lado do conjunto do IAPC de Del Castilho. Este trecho, ainda com paralelepípedo, eu evitava, ia pela calçada.

-Está vendo essas barracas que vendem água e outras coisas? Os vendedores são os obreiros do Edir Macedo, que fica com a maior parte do dinheiro.

E desancou o bispo até a Rua Modigliani, onde me deixou.

 

 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

2724 - achados e perdidos


-----------------------------------------------------------------

O BISCOITO MOLHADO

Edição 4974                            Data: 26 de  outubro de 2014

---------------------------------------------------------------------

 

O HOMEM-CALENDÁRIO NO DIA 26 DE OUTUBRO

 

O Homem-Calendário não atuou no dia 19 de outubro porque, além do seu atraso no dia seguinte à entrada do horário do verão (não importa que o Rádio Memória  tenha sido gravado dois dias antes), o Jonas Vieira homenageava o seu maior ídolo, Orlando Silva, com a presença de um enciclopedista, também fã do Cantor das Multidões, Ricardo Cravo Albim. Para o domingo seguinte, ou seja, dia 26 de outubro de 2014, foi anunciado que não iria ao ar o Rádio Memória devido às eleições. Como?!... ficar sem a narrativa dos acontecimentos desse dia? Como diz o Dieckmann, divulgador-mor deste periódico, biscoito lembra massa, que lembra trabalho, que nos leva à expressão “pôr as mãos na massa”. Isso posto, teremos sim o Homem-Calendário, num horário especial, depois dos votos depositados nas urnas e apurados, mas teremos. Vamos, então.

-O que aconteceu no calendário, Sérgio?

-O que acontece, Jonas.

Logo após, emposta a voz:

-Dia 26 de outubro, em 1769, é editado alvará, em Portugal, que proíbe as devassas sobre os concubinatos.

Voltando-se para o Jonas:

-Faz sentido: devassas... concubinatos.

-É das devassas que gostamos, Sérgio.

-A cerveja?...

-Também.

-É melhor ir em frente. - disse o Sérgio Fortes meio acabrunhado.

-Em 1860, terminou a luta de Garibaldi pela conquista da Sicília.

-Ele esteve por aqui, antes, na Guerra dos Farrapos e levou para a Europa a Anita Garibaldi. - comentou o Jonas.

-Em 1863, houve a reunião do “The Football Association” que tratou, dentre outros assuntos, da universalização das regras do futebol.

-Isso foi importantíssimo. - interveio o Jonas Vieira.

-Sim; antes se jogou futebol até com o esqueleto de crânio servindo de bola.

-Era o violento esporte bretão. - completou o titular do programa.

-Em 1886, deu-se a inauguração da Estátua da Liberdade.

-Que acontecimento! A Estátua da Liberdade foi um presente dos franceses aos americanos. - comentou em seguida.

-Nada mais justo; foram os americanos, antes dos franceses, que colocaram em ação as ideias dos filósofos iluministas das França. Thomas Jefferson esteve por lá depois do Benjamin Franklin, até que estourou a Revolução Francesa.

E seguiu adiante com o calendário:

-Em 1905, a Suécia reconhece a independência da Noruega.

-Jonas, isso foi há pouco mais de 100 anos. Hoje, a Noruega é o país onde seus cidadãos tem o melhor padrão de vida do mundo. E o Brasil?

-O Brasil, Sérgio, é o país do futuro.

-Eu escuto isso dos padres do Santo Inácio desde que lá cheguei de fraldas. Estou perdendo a paciência...

-Sérgio, o avô do Simon Khoury deve ter ouvido que o Brasil é o país do futuro desde a primeira chupeta.

-Em 1917, o Brasil declarou guerra à Alemanha.

-Nesse ano, Sérgio, começou a delinear a derrota da Alemanha na Primeira Guerra: os Estados Unidos entraram nela.

-Os Estados Unidos e o Brasil...

Vamos adiante com o calendário:

-Em 1956, as tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a Hungria.

-Uma tragédia. - lamentou o Jonas.

-Uma consequência terrível foi o desmantelamento daquela fabulosa seleção húngara, de Puskas, Czibor, Kocsis, Higedkuti...

-Perderam a Copa de 1954, mas muita coisa não foi contada sobre essa derrota.

-Será, Jonas? Vamos lá.

-Em 1958, a Pan Am começou a operar com o Boeing 707 no trajeto NewYork – Paris. Escolheram bem a cidade de destino.

-Os americanos sabem escolher bem, os esquerdistas brasileiros também. - observou o Jonas Vieira.

-Em 1997, a crise chega ao Brasil e o Bovespa fecha com queda de 14,9%, a maior desde 1920. Lembra, Jonas?

-Quem comprou ações nessa data, enriqueceu.

-Dois anos depois, o Itamar Franco, com ódio do FHC, que evitou a sua volta à presidência, declarou a moratória de Minas Gerais, abrindo a porteira para os especuladores internacionais derrubarem ainda mais o Real.

-Será que ele comprou ações, Sérgio?

-O negócio do Itamar era o fusquinha, Jonas.

O Homem-Calendário voltou a impostar a voz:

-Em 2000, foi lançada a versão americana do videogame “Play Station 2”. Você é bom nesse jogo, Jonas?

-Isso é para a garotada.

-Mas dizem que é bom para a cabeça.

-Prefiro as palavras cruzadas.

-Eu também, Jonas. Esses jogos eletrônicos devem ser bons para ativar os reflexos, mas para fazer a cabeça funcionar são melhores as palavras cruzadas, as charadas, o jogo da forca...

-Nascimentos. - interrompeu-se.

-Em 1685, nascia Domenico Scarlatti. Neste ano, nasceram Bach e Haendel. Veja a coincidência.

-Só o céu explica, Sérgio.

-Em 1759, Danton, um dos líderes da Revolução Francesa.

E acrescentou:

-Morreu guilhotinado a mando de outro lider da Revolução Francesa, Robespierre. O poder enlouquece, Jonas. O sujeito nasce honesto, passa a ter poder e rouba alucinadamente.

-Não, Sérgio, a pessoa desonesta já nasce com o vírus da corrupção; no poder, o vírus encontra o ambiente ideal para se multiplicar exponencialmente. Veja o caso do... Deixa pra lá.

Com um riso malicioso, Sérgio Fortes passou para a data seguinte:

-Nasceu Dom Miguel I, rei de Portugal. Ele usurpou o trono de Dom Pedro IV, que foi até lá e o destronou, colocando a filha Maria da Glória no seu lugar.

-Em 1869, Washington Luiz,

-Em 1914, Jackie Coogan, ator norte-americano.

E voltou-se para o seu parceiro:

-Recorda-se dele, Jonas?

-Claro, ele é “O Garoto”, do filme do Charles Chaplin.

-Com a erotização elevada à enésima potência, Jonas pela mídia, é impossível fazer um filme com esse tema. O protetor do garoto receberia a pecha de pedófilo.

Depois dessa observação, retomou as datas:

-Em 1947, Hillary Clinton.

-Em 1959, Evo Morales; aquele do colar de folhas de coca.

-Não era só ele que estava com colar de folha de coca naquela fotografia... - deixou o Jonas para os ouvintes decifrar o outro personagem leniente com as drogas.

-Falecimentos. - enevoou-se a voz do Homem-Calendário.

-Em 889, o rei Alfredo, o Grande da Inglaterra. Ele enfrentou os invasores vikings, o que não era pouca coisa e deu início a unificação da Inglaterra.

-Em 1976, Di Cavalcanti.

-Ele foi o Sargentelli das Artes Plásticas, muito chegado às mulatas.- interrompeu o Jonas Vieira.

-Em 1980, Marcello Caetano.

-Ele assumiu o poder em Portugal, depois da morte do Salazar, e veio para o Brasil depois de derrubado. Deu aulas de direito na Universidade Gama Filho.

-Ele era especialista em Direito Administrativo, Jonas; Direito Constitucional não era o forte dele.

-Adiante: em 1993, morria o comediante Tião Macalé. Lembra-se dele, Jonas?

-”Eta crioula difícil!...”

Sérgio Fortes riu com a resposta do seu amigo e continuou:

-Em 1997, o ministro da Desburocratização, Hélio Beltrão.

A burocratização está arraigada como a corrupção na cultura brasileira.- comentário nosso.

-Em 2006, Rogério Duprat, maestro e arranjador.

-Muitos compositores populares tidos como gênios devem muito dessa genialidade a ele.

-Em 2010, morria Paul, polvo vidente inglês.

-Ele acertou todas as seleções vencedoras dos principais jogos da Copa do Mundo de 2010, Sérgio.

-Viveu só dois anos, os polvos vivem pouco. Ele morreu antes de me indicar os números da Sena, Jonas.  

  -Hoje, é o Dia da Música.

-Caramba!... - surpreendeu-se o Jonas.

-O Dia da Construção Civil.

-Um abraço para os trabalhadores que erguem este país, onde há tanta gente para derrubar.

-O santo do dia é Santo Evaristo.

-Ontem, Sérgio, jogaram Barcelona e Real Madrid, e o Evaristo, que jogou nos dois clubes, na década de 50, chegou a ser um santo para os torcedores dos dois clubes.

Jonas, mais uma notícia que nos chega agora.

-Se for concernente ao calendário, pode dizer, porque o nosso programa não é informativo.

-Em 26 de outubro de 2014, a Dilma Rousseff é reeleita presidente do Brasil.

-É...  o futuro do Brasil não chegará tão cedo. - comentaram.

Assim a maioria do eleitorado reescreveu a Bíblia; em vez de sete anos de vacas magras, oito.

 

 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

2723 - balalaika 4


 

-----------------------------------------------------------------

O BISCOITO MOLHADO

Edição 4973                            Data: 23 de  outubro de 2014

-----------------------------------------------------------------

 

ORLANDO SILVA PARA SEMPRE NO RÁDIO MEMÓRIA

PARTE IV

 

O retorno do Rádio Memória se deu com o Jonas Vieira.

- Eu queria fazer uma pausa, porque há uma discussão muito grande entre os orlandófilos sobre o Orlando da primeira fase, que vai até 1945 e o Orlando a partir daí, quando passou pelo problema das drogas, a carreira dele deu uma parada séria, só recomeçou nos anos 50. A voz do Orlando, então, era mais abaritonada, antes, era voz tenorina. O melhor Orlando era o da primeira fase, para os orlandófilos, mas muitos achavam o melhor Orlando o da segunda fase. O próprio Orlando se considerava melhor na segunda fase:

-Orlando é o único cantor do mundo que só perdia para ele mesmo. – concluiu o seu biógrafo.

   Ricardo Cravo Albim interveio com a sua bagagem de enciclopedista da música popular brasileira.

-Eu tenho uma tese própria. A primeira fase foi a melhor definitivamente. Mas ele Orlando, porque era preciso, para sobreviver, considerava melhor a sua segunda fase. É normal, é um pensamento absolutamente estratégico de sobrevivência.

-Então, ouvintes, eu selecionei, dessa segunda fase, uma faixa do Freire Júnior, na voz abaritonada do Orlando Silva. O que ele faz com os graves é uma coisa fora do comum, é impressionante. Chama-se “Olhos Japoneses”. Vejam a interpretação do Orlando. - manifestou-se o Jonas Vieira.

Vimos.

-Simon, os seus comentários.

Nós, ouvintes, do Rádio Memória, somos testemunhas de que o Jonas Vieira  mexeu com quem estava quieto. Simon não perdeu a oportunidade:

-Eu gostaria de saber, Ricardo, se você passaria a noite com o rei da Jamaica, se ele lhe oferecesse trazer de volta o Orlando Silva?

-Sérgio Fortes não conteve a gargalhada, enquanto o Jonas Vieira reagia com constrangimento:

-É demais...

-Que mente! - abismou-se o Sérgio com as elucubrações  do Simon.

-Com a rainha da Jamaica, eu passaria... - entrava o Jonas Vieira, agora, no clima de descontração.

-A rainha de Sabá.

Logo depois de citar alegremente a amante de Salomão, Sérgio Fortes se tornou sério. 

-A transformação da voz do Orlando Silva não é incomum. Tem um caso peculiaríssimo no mundo da ópera: o tenor chileno maravilhoso, de muito talento, chamado Ramon Vinay. É um caso único no mundo, ele cantava o “Otello”, de Verdi, tanto no papel de Iago, o barítono, quanto no papel de Otello, o tenor. Houve uma transformação na voz dele ao longo de dez anos. Ele cantou os dois papéis.

Depois, Sérgio Fortes se reportou ao Carlo Bergonzi, a nosso ver, o melhor Ricardo (Gustavo III, da Suécia) na ópera “O Baile de Máscaras”, de Verdi.

-O tenor Carlo Bergonzi, recentemente falecido, estreou como barítono. Um belo dia, caiu um raio na cabeça dele e falou: ”Eu sou tenor”, foi para casa e estudou durante um ano e meio, voltou como tenor e fez uma carreira muito mais importante.

Ricardo Albim, de novo, se manifestou:

-Sobre isso, a gravação que o Jonas acaba de nos mostrar é uma prova exemplar da mobilidade do Orlando nos exercícios da voz. Ele atinge a todos os níveis, passando do grave para o tenorino.  É impressionante.

-Ele faz naturalmente coisas que alguém leva dez anos estudando e, eventualmente, não consegue fazer, não aprende.

Eu seguida, Sérgio Fortes aludiu ao caso de uma suposta pessoa (nascida com o dom de cantor) que diz que vai estudar canto, e é alertado por alguém experiente a não fazer isso, que um professor de canto louco pode estragar a sua voz. 

-Eu conversava muito com o Radamés sobre isso. Radamés dizia que Orlando cantava de primeira, Sílvio Caldas também. Os outros tinham de ensaiar antes de gravar, Orlando Silva chegava e …

Jonas Vieira recorreu a um som onomatopaico com o significado de resolver ou algo parecido, ou seja,  Orlando Silva chegava com a voz e resolvia.

Como eram muitos orlandófilos prenhe de assuntos para verbalizar, Sérgio Fortes não encontrou espaço, ou talvez não tenha se recordado, do Mário Del Monaco, e que, no seu programa “O Clube da Ópera”, Zé Maria, seu convidado mais assíduo, falava, inebriado, da ópera “Os Palhaços”, a que assistiu no Teatro Municipal, onde Mario Del Monaco, depois de cantar o prólogo, no registro de barítono, passava para o papel de tenor.

-Havia um terceiro cantor – disse o Ricardo Cravo Albim – era uma sequência de imitação, consequência direta do Orlando, que é o Nélson Gonçalves, que também chegava e gravava de primeira.

-O Nélson, certa vez, numa conversa comigo, eu lhe perguntei, por que não gravou tal música do Orlando Silva, e ele me respondeu: “Esta só o Orlando podia gravar”. - informou o Jonas Vieira.

-Nélson respeitava o Orlando, sempre respeitou. - acentuou o Ricardo Cravo Albim.

Simon Khoury interveio:

-O repertório do Orlando, o Cauby Peixoto gravaria.

Os dois orlandistas concordaram por ser o repertório de ambos romântico.

Simon Khoury aludiu à extensão da voz do Cauby, e Sérgio Fortes assinalou que ele também é um grande cantor.

Jonas Vieira se dirigiu a todos:

-Vejam só: outra versão, um bolero. Orlando cantando um bolero, versão de Valfrido Silva. Ele canta também em espanhol; chama-se “Enigma”.

Entra a voz do homenageado em português, em espanhol, e, diria o Dieckmann, em portunhol.

Jonas Vieira, eletrizado: “Nenhum cantor de bolero chegou a esse nível”.

-Aliás, a gente estava comentando aqui que pessoas mais velhas... Eu me dou ao desplante de ouvir o Orlando Silva e me arrepiar. Isto é uma coisa quase escandalosa.

Às palavras do Ricardo Cravo Albim se seguiram as do Jonas Vieira:

-A gente ouve tanto e conclui que ele continua cantando cada vez melhor.

E foi adiante:

-É uma coisa fantástica! Quando se descobre Orlando, é como descobrir Beethoven. Não é possível ser tão genial assim!

Neste momento, nós penetramos o pensamento do Sérgio Fortes e escutamos:

-Menos Jonas, menos.

-Mas Jonas foi além:

-Você descobre Bach... O Orlando, na faixa popular, é justamente isso. Ele é o gênio da canção popular. Você descobre Orlando e diz: “Não é possível!”...

-A sensação é imediata. - disse o enciclopedista.

-O maior mistério seria aparecer outro Orlando.

-Ah, não, Simon! Deus é quem determina essas coisas.

Ricardo Cravo Albim desenvolveu esse dito do Jonas Vieira:

-Há de aparecer; a gente pode imaginar daqui a 1 ano, 100 ou 1000 anos.

Jonas se voltou para a próxima atração musical:

-Você citou o “Begin The Beguine”, Simon; pois o Orlando gravou a versão de Haroldo Barbosa.

-Um cracaço! - enalteceu o Sérgio Fortes o humorista de talento multifacetado.

-O Cole Porter enviou uma carta ao Orlando dizendo que era a melhor gravação. E só gente boa gravou “Beguin The Beguine”.

-Centenas. - acrescentou o Sérgio.

Entrou a música do grande compositor.

-Diga Ricardo, ou voltou atrás? - provocou o Jonas Vieira.

-Eu estava apenas comentando sobre a gravação que acabamos de ouvir... aliás, todas as gravações do Orlando merecem comentários. É o Orlando na sua melhor fase, mas a primeira parte do “Begin The Beguine”  não é brilhante. Vou fazer um comentário polêmico: a primeira parte, tal como Orlando gravou, tal como Cole Porter compôs, não é grandes coisas; o bom é a segunda parte.

Para fechar, uma homenagem a Fernando Lobo, um dos maiores... Ele e Caymmi fizeram uma beleza chamada “Saudade”, Eu adoro.

-Eu também. - concordou o Ricardo. É uma pena que você vai acabar o programa,

Entraram, primeiramente a melodia plangente tocada pelas cordas da orquestra,

-Saudade escutar esta música do Caymmi e Fernando Lobo pela voz do Orlando Silva.- disse o seu biógrafo.

Em seguida, contou um causo, já que o Simon Khoury estava acanhado:

-Você ligava para o Caymmi, e ele atendia com a voz completamente diferente. Você deve saber disso, Simon, já que fez uma entrevista com ele. Em seguida, Jonas Vieira imitou o alô afeminado do Caymmi.

-Quando a pessoa se identificava, ele dizia (agora, a voz do Jonas era de baixo-barítono) “Ah sim, aqui é o Caymmi”.

-Isto aconteceu comigo. - revelou o Ricardo Cravo Albim.

Depois de esqueceram por dois minutos o “Cantor das Multidões”, chegaram às despedidas. Ricardo Cravo Albim, como toda a torcida do Flamengo, estava convidado, para o show do dia 28 de outubro, às 19 horas, no Bar Cariocando, que abre o festejo do centenário do grande cantor.

 Mas não era ainda a despedida.

-Ricardo, eu soube que você reza pelo Orlando todas as noites.

-Jonas, eu rezo por um conjunto de cantores que foram meus amigos, especialmente Carlos Galhardo, Sílvio Caldas e, claro, Orlando Silva.

- O “demorado abraço” da dupla de apresentadores do Rádio Memória encerrou o Rádio Memória do dia 29 de outubro de 2014.     

  

 

 

 

   

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

2722 - balalaika 3


 

-----------------------------------------------------------------

O BISCOITO MOLHADO

Edição 4972                            Data: 23 de  outubro de 2014

------------------------------------------------------------------

 

ORLANDO SILVA PARA SEMPRE NO RÁDIO MEMÓRIA

PARTE III

 

Jonas Vieira contestava a assertiva do Simon Khoury que o Orlando Silva não é conhecido por quem está na faixa dos 20 aos 40 anos de idade. (*)

-Eu já encontrei vários, inclusive no ônibus, um rapaz de uns 30 anos, mais ou menos, cantava uma música do Orlando.  Eu me surpreendi com ele cantando “Pela Primeira Vez”.

Passou da prosa para o canto, e entoou um trecho da música.

-Eu parei e perguntei a ele se conhecia a música, disse que gostava muito.

E prosseguiu mais afirmativo:

-Orlando é um dos poucos, ele, Carmen Miranda, Noel Rosa, Ary Barroso, conhecidos até hoje por todos.

Em seguida, Jonas Vieira se reportou ao ator Tuca Andrade que, vivendo  o cantor, no musical “Orlando Silva, o Cantor das Multidões”, baseado no seu livro, logrou juntar mais de 10 mil pessoas no teatro.

-Tuca Andrade ficou três anos e meio em cartaz, ninguém chegou a esse nível, nem Carmen Miranda conseguiu. A Elis Regina ficou um ano somente, e ela é bem mais recente do que o Orlando.

Simon Khoury insistiu:

-Isso é um fenômeno. O negócio é o seguinte: o rádio brasileiro não divulga, não toca.

-Aí eu concordo com você. - disse o Jonas.

Sérgio Fortes interveio:

-Eu entendo o que o Simon quer dizer; na velocidade que a gente vai, o esquecimento, se agrava muito.

-O Sérgio tem razão, os tempos velozes são cruéis. – corroborou o Ricardo Cravo Albim.

Sérgio Fortes aludiu ao calendário, mesmo não tendo sido listado os acontecimentos do dia, como normalmente acontece, e citou a atriz Elza Gomes, nascida em 19 de outubro de 1910, que foi muito elogiada pelo Arthur da Távola, quando ele escrevia no Globo.

-Se você fizer uma enquete, ninguém sabe quem foi Elza Gomes.

A palavra foi para o Ricardo Cravo Albim:

-Ainda há pouco, em conversa com o Simon Khoury, falamos de nomes da nossa contemporaneidade, em termos de massa, grandes artistas como a Carolina Cardoso de Menezes. Ela é um exemplo de absoluto  desterro da memória. Foi uma pianista excepcional, louvada por todo o mundo, por Radamés  Gnattali, por todos os demais, e simplesmente morreu mesmo.

-É verdade. – concordou o Sérgio.

Ricardo Cravo Albim prosseguiu:

-É importante que se fale de certos vultos que a gente não pode deixar esquecer.  Seria ideal falarmos de todos, mas, nos tempos de agora, como você citou, Sérgio, seria imprescindível pelo menos falar de quem a gente pode.

De novo, o Simon Khoury:

-Ricardo, uma mulher que você amou, que ajudou, Carmela Alves. Ela levou a música brasileira para o mundo inteiro, morreu solitária na Casa dos Artistas.

-Eu a levei para a Casa Dos Artistas porque ela estava literalmente abandonada num apartamento no Shopping de Copacabana. Ela , realmente, foi um caso de desterro da memória. Era uma grande artista, uma grande figura e, no meu caso especial, eu até me emociono, uma grande amiga.

Já era hora de ouvirmos mais música, e Jonas Vieira tomou a palavra.

-Bom, atendendo agora a um pedido do Simon Khoury e meu, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz…

-E deu a vez ao Simon Khoury:

-Qual é a música, Simon?

-“A Felicidade Perdeu Meu Endereço”; uma obra-prima, eu acho bachiana a parte final. É Bach puro.

Em seguida, para ratificar a sua afirmação, Simon Khoury cantarolou esse trecho.

Lembramos aqui, na redação do Biscoito Molhado, que Antonio Hernandez, saudoso, crítico do Globo, se referiu, certa vez, à semelhança entre o início de “Copacabana”, do Tom Jobim, com uma frase musical do “Evangelho Segundo São Mateus”, de Bach.

-Ainda tem coragem de cantar. – criticou o Jonas.

Ricardo Cravo Albim veio em sua ajuda:

-O Simon encanta, não só canta.

Finalmente, entrou no ar a canção que, pela beleza, pode ser ouvida dez vezes seguidas sem saturar.

-Maravilha!

-Maravilha sobretudo pelos seus autores, Pedro Caetano e Claudionor Cruz, que  fizeram sucesso com o Orlando Silva. Alguns grandes clássicos do Orlando são dessa dupla. Eu os conheci muito bem, sobretudo o Pedro Caetano; são encantadores e adoravam o Orlando. - observou o Ricardo Cravo Albim.

Nesse instante, entraram, intempestivamente, as propagandas eleitorais e de alguns programas da emissora.

 

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO discorda. A Disney escolheu a sua segunda sede justamente por isso, ignorando a opinião deste mesmo Distribuidor. Segunda sede? Sim, somente os mais velhinhos vão se lembrar da “velha” Disneylândia.